O “mastro monumental” de Brasília não foi previsto pelo
arquiteto Oscar Niemeyer. Foi projetado por Sérgio Bernardes, em 1969, em plena
ditadura e, segundo muitos arquitetos, desrespeita a concepção original segundo
a qual o prédio do Congresso deveria ser a última coisa visível no Eixo
Monumental – depois, só o horizonte.
O “Monumento ao Pavilhão
Nacional”, como é chamado, foi construído às pressas em 1972 para que sua
inauguração coincidisse com o Dia da Bandeira. A ideia foi do coronel Rubem
Ludwig, que pretendia erguer um pequeno mastro na Praça dos Três Poderes.
Entretanto, o governador do Distrito Federal, Hélio Prates, influenciado pelo
arquiteto Sérgio Bernardes, optou pelo mastro monumental. Ele é montado a
partir de 24 tubos de aço, representando os estados e territórios então
existentes. No alto de seus 200 metros, a peça de nylon, de 280 metros quadrados. O conjunto é iluminado por
holofotes fotoelétricos, de modo que a bandeira nunca precisa ser arriada quando escurece.
Milhares de pessoas acompanharam
a solenidade de inauguração. Alto-falantes, postos na cobertura do Palácio do
Planalto, anunciaram a fala do presidente Médici: “Ordeno que seja hasteada a
Bandeira Nacional!”, lacônica e solene como o texto da placa que assinala a
inauguração, na qual se leem as palavras que o coronel Octávio Costa –
responsável pela propaganda política do regime – redigiu: “Sob a guarda do povo brasileiro,
nesta Praça dos Três Poderes, a bandeira sempre no alto – visão permanente da pátria”.
Distanciamento e monumentalidade
que nem mesmo a comoção nacional causada pelo morte de Tancredo Neves, treze
anos depois, conseguiria anular: a multidão que esperava a chegada do caixão
pedia que a bandeira também ficasse a meio-mastro, em função do luto no país:
“Baixa! Baixa!”, e a bandeira sempre no alto...
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